Audio Academy
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Mawaca Para o Velho Mundo!

Se são poucos os conjuntos que se propõem a misturar elementos musicais de etnias diversas com cuidado e critério, eis aquele que faz a diferença: o Mawaca!

O grupo paulistano conquistou o World Music Charts – ranking das músicas mais tocadas nas rádios européias – com o último álbum, Rupestres Sonoros (2008), orgulhosamente masterizado nos estúdios da OMiD international audio academy. Mais um trabalho da equipe Audiogroup reconhecido em terreno nacional e internacional pela crítica e público!

Mawaca – sete vozes femininas poderosas

As sete poderosas vozes femininas do conjunto paulistano cantam em várias línguas e dialetos, e ainda tocam e dançam acompanhadas de mais seis músicos. Em suas mãos são capazes de executar com maestria instrumentos de diversas famílias e continentes: resultado de incansáveis pesquisas e estudos sérios das diferentes culturas e instrumentos musicais étnicos do mundo. Este fator dá ao grupo segurança e liberdade para misturar referências sem que suas composições acabem em meras colagens, característica comum da globalização onde são recorrentes as práticas de “misturismos”.

 

Em Rupestres Sonoros a pesquisa é pautada na musicalidade dos povos indígenas brasileiros que aqui viveram e ainda vivem. O repertório apresenta músicas dos índios Suruí de Rondônia; dos Kayapó do Xingu; dos Wari do Guaporé; dos Kaxinawá do Acre, dentre outros, com forte presença de elementos da eletrônica arquitetados pelo produtor Xuxa Levy, que junto a Paulo Bira (contrabaixo), e Magda Pucci (voz), co-produziram o álbum.

A Produção de “Rupestres”

Nas considerações de Omid Bürgin, que assina a masterização do disco, “Rupestres Sonoros é um trabalho extremamente interessante do ponto de vista artístico e foi desafiador demais do ponto de vista técnico”. Ele confessa que o trabalho levou mais tempo que outras masterizações. “Aprendi muito nesta masterização porque não se tratava de instrumentação tradicional apenas com baixo, bateria, guitarras, voz, etc. Eu precisava criar camadas sonoras diferentes para colocar as sete vozes femininas e as várias percussões”, lembra. “O desafio foi buscar uma textura rica para poder se encontrar à estética indígena”.

Magda explica que por mesclar elementos acústicos e eletrônicos, foi preciso um cuidado especial com o disco. “A mixagem do Rupestres foi feita na Espanha, mas masterizei na OMiD porque este trabalho merecia muita atenção para soar orgânico. O Omid cuidou desta etapa com muito carinho, atento a cada detalhe. O resultado foi surpreendente, acima da média dos CDs que eu tenho ouvido por ai”, ratifica a cantora e co-produtora do disco que, segundo Omid Bürgin, “foi uma das mulheres mais exigentes com quem já trabalhei no país”.

Grupo Mawaca

Sobre o grupo, destaque para a forte presença da vida em cada show do Mawaca, resultado da entrega apaixonada do time, que parece subir ao palco como se fosse sempre a primeira vez. Impressionante a transformação vibratória por que passa um ambiente com este bando no palco. Isso talvez porque o Mawaca não faz um show simplesmente, mas… vive o show!

Abaixo, breve entrevista com Magda Pucci, uma das sete vozes do Mawaca. Confira!

Magda, conta um pouquinho o que significou para o Mawaca – há mais de 15 anos na estrada –  a colocação no World Music Charts?

No World Music Charts [ranking das músicas tocadas nas rádios européias], todo mês são escolhidos os 20 melhores álbuns de World Music. O Mawaca ficou em quarto lugar nesse ranking em agosto de 2009. Entramos na lista em julho, no 15° lugar, e em agosto subimos para o 4° lugar.

Esse ranking é tocado pelos radialistas que fazem parte desse pool de rádios européias que é referência da World Music na Europa. Entrar nesse ranking, mesmo não tendo nenhuma distribuição européia, foi uma surpresa boa! Mandei o CD para alguns jornalistas e eles começaram a tocar o disco. A resenha que saiu sobre o CD ficou muito boa!

Com essa colocação no WMC foi mais fácil conseguir a distribuição na Europa pela Ventilador Music. Conseguimos suscitar interesse de outras mídias, como a revista inglesa Songlines que publicou uma resenha 4 estrelas [dentre outros]. E agora, estamos com grandes possibilidades de fazer um nova turnê pela Europa o que, para mim, será maravilhoso, pois viajar com esse repertório indígena é um sonho que se realiza.

O que os inspirou a pautar o trabalho de “Rupestres Sonoros” na musicalidade dos povos indígenas brasileiros?

Sempre tivemos interesse pela música feita pelos índios brasileiros, embora o acesso a esse material sempre tenha sido muito difícil. No segundo CD do Mawaca nós gravamos Koi Txangaré, um canto antropofágico dos Suruí de Rondônia que logo se transformou em um hit do Mawaca em nossos shows. Tive a sorte de encontrar a antropóloga e escritora Betty Mindin, que me abriu as portas das gravações que ela fez com vários povos da Amazônia.

Assim, aos poucos fui me enveredando por esse universo até chegar a fazer um mestrado em Antropologia, o que me ajudou muito a melhor compreender o universo indígena, que é muito plural. O CD Rupestres Sonoros foi um mergulho mais profundo nesse mundo indígena. Conseguimos reunir músicas dos povos Kaxinawa, Kayapó, Txucarramãe, Suruí, Pakaa Nova e Gavião-Ikolen com arranjos contemporâneos e produção do Xuxa Levy.

Um trabalho com tal singularidade requer uma atenção específica com a masterização? Quais as suas considerações quanto à masterização do disco?

Pra mim, um CD é bem mais do que um simples CD. É o registro de um momento importante na vida da gente, é como um filho que a gente gera e precisa se orgulhar dele, mesmo quando ele fica adulto. No caso do Rupestres Sonoros, por mesclar elementos acústicos e eletrônicos, tivemos um cuidado mais do que especial.

Ele foi mixado no Musiclan, um estúdio na Espanha maravilhoso e, masterizei com o Omid, pois ele merecia todo cuidado para soar orgânico. O Omid foi ilustre na masterização, cuidou de cada mínimo detalhe. E o resultado foi surpreendente, acima da média dos CDs que eu tenho ouvido por aí.

O que faz com que o Mawaca mantenha a característica de misturar sons de culturas diversas sem simplesmente colá-las uma em cima da outra?

Antes de tudo, um grande respeito pelas tradições musicais, mas sem que isso se transforme numa camisa-de-força criativa. Por mais que eu pesquise, na hora de escrever os arranjos, de tocar, de cantar, procuro sempre experimentar outras formas de tocar aquele tema sem ficar presa às convenções musicais.

As fusões que criamos entre uma música de um lugar e de outro como uma cantiga japonesa com um canto indígena, uma melodia africana que se funde a um tema brasileiro, ou uma canção espanhola  que vira um baião, representam momentos em que a música fala mais alto.

A gente deixa os ritmos e as melodias indicarem os caminhos por onde devemos ir e algumas conexões, mesmo que historicamente não comprovadas, acabam acontecendo de forma natural.

No cenário World Music percebo ser constante as misturas de sons étnicos universais cujos resultados parecem muitas vezes forçados. O que faz com que o Mawaca fuja disso?

A World Music é um grande guarda-chuva que abarca muitos estilos, tendências e cenas musicais pelo mundo todo. Aqui no Brasil, ela é vista como algo artificial, mas na Europa, ela é o retrato do que anda acontecendo por lá com todos aqueles fluxos migratórios. Então, é comum você ver uma banda formada por um marroquino, um espanhol, um francês, etc, e as vezes isso podia dar resultados meio ruins.

Mas a World Music tem outros lados também e acho que ela é responsável por uma revigorada na música pop e até mesmo no jazz. Ela abriu as portas para artistas que jamais colocariam os pés num palco europeu como Toumani Diabate. Ele era um grande tocador de kora de Mali.

Também houve a maravilhosa cantora cabo-verdiana Cesária Évora. Além da Susana Baca, uma cantora que mostrou um repertório afro-peruano, que poucos conheciam. Assim como Nusrat Fateh Ali Khan, que mostrou a riqueza da música sufi.

Mas acho que o Mawaca desenvolveu um outro tipo de proposta porque, mesmo não estando no olho do furacão das migrações todas, tivemos um histórico de grandes mesclas culturais por aqui. Isso nos dá liberdade para fazer conexões com diferentes tipos de música sem nos prender a estilos específicos.

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